Projeto Veleda - Mulheres e Monoparentalidade

Apresentação

Projeto desenvolvido na Beira Interior no âmbito das iniciativas PARTIS - Práticas Artísticas de Inclusão Social da Fundação Calouste Gulbenkian, destinado a mulheres sós com filhos à cargo.

Evento Final. Apresentação e avaliação dos laboratórios.
Evento Final. Apresentação e avaliação dos laboratórios.


A designação do projeto parte do pseudónimo "Maria Veleda" adotado por Maria Carolina Frederico Crispim (1871-1955) - professora, jornalista, feminista, republicana, livre pensadora e espiritualista portuguesa - uma das mais importantes dirigentes do primeiro movimento feminista português, pioneira na luta pelos direitos das mulheres, pela educação das crianças e pelos ideais republicanos.

O projeto desenvolve um conjunto de atividades dirigidas ao empoderamento de mulheres sós, maiores de 18 anos, com filhos a cargo, com intuito de combater os estigmas sociais relativos às famílias monoparentais femininas. O conceito de empoderamento pressupõe um processo tornado prática, ou seja, a transição de um determinado estado para um outro, mais especificamente um estado de impotência para um estado em que a pessoa adquire maior controlo sobre a sua vida, o seu futuro e o meio em que se insere. Este conceito de empoderamento é transversal em todas as fases do projeto, no sentido de participação plena de todas e cada uma das participantes.

No sentido do empoderamento, o projeto VELEDA visa, através da articulação entre a intervenção social e a experimentação artística de carácter teatral, amplificar a consciência e ação das mulheres participantes em relação aos seus interesses e necessidades enquanto responsáveis por famílias monoparentais e impulsionar a sua implicação e valorização pessoal e coletiva.

A proposta artística passa por duas atividades nucleares interligadas: os laboratórios de pesquisa social e artística, para desenvolvimento de competências e iniciação à prática teatral, e a criação de um espetáculo de teatro documental, em colaboração com uma equipa artística profissional.

Os laboratórios de pesquisa social e artística baseiam-se numa metodologia de pesquisa-ação através da qual cada grupo de mulheres desenvolve uma pesquisa de natureza social e artística sobre temas-chave relativos à monoparentalidade partindo da perspetiva de diferentes áreas do conhecimento (Sociologia, Antropologia, Direito da Família, Direito Laboral, entre outras). Esta pesquisa assenta no diálogo e cruzamento entre estas áreas, a prática performativa artística e os conhecimentos e experiências das participantes. Assim, os laboratórios têm um caráter interdisciplinar sustentado por uma equipa que inclui técnicos da área social, profissionais das Artes Performativas e investigadores das Ciências Sociais e Humanas.

Metodologia dos laboratórios

Recolha e análise de materiais científicos, literários e iconográficos (incidindo sobre a situação das mulheres e famílias monoparentais femininas, na atualidade e ao longo da história, em Portugal como noutros países.

Transmissão de informações que promovam o acesso e pleno usufruto de direitos sociais, em especifico no trabalho, maternidade e conciliação da vida profissional e familiar;

Exercícios práticos do âmbito das artes performativas (teatro e movimento), promotores da expressão, criatividade, reflexividade, comunicação e sistematização de conhecimentos;

Realização de entrevistas a profissionais de áreas relevantes para o projeto e a outras mulheres que vivem como famílias monoparentais.

Transmissão de técnicas teatrais de base; utilizando a exploração criativa de temas-chave e a experimentação teatral dirigida ao desenvolvimento pessoal e social, incrementando as competências.

Privilegiando uma partilha de conhecimentos transversal e focada nas necessidades e motivações das mulheres participantes, os conteúdos programáticos das sessões são revistos ao longo da implementação dos laboratórios em diálogo entre a equipa do projeto e os grupos.

Duração prevista dos laboratórios e constrangimentos

Inicialmente estavam previstos 3 laboratórios com uma duração de 9 meses, um em cada município, mas o laboratório de Belmonte acabou por ser extinto devido à falta de participantes. Por outro lado, a duração dos laboratórios (previstos de fevereiro a Novembro.2019) viram o seu prazo alargado até julho de 2021 de forma a poder recuperar o trabalho interrompido durante o confinamento sanitário provocado pela crise pandémica da covid-19.

Um dos principais constrangimentos no projeto em geral, está relacionado com o tempo que as participantes podem disponibilizar para o projeto, que se encontra sempre muito condicionado pela sua realidade familiar. Nesse sentido, muitas sessões contam com um serviço de baby sitting ou atividades paralelas destinas aos filhos das participantes.

No final do primeiro ano foi organizado um evento que reuniu os dois grupos de mulheres participantes, a equipa do projeto, representantes das entidades parceiras e representantes de instituições locais para uma partilha de resultados e reflexões sobre o desenvolvimento das atividades e as alternativas encontradas em tempo de confinamento.

Espetáculo de Teatro Documental

A Criação do Espetáculo de Teatro Documental encontra-se neste momento em fase de construção final, estando dois espetáculos agendados para julho e agosto de 2021 nos Concelhos de Fundão e Covilhã.

Este espetáculo de teatro documental tem como cocriadoras e intérpretes o grupo de mulheres provenientes dos laboratórios realizados e envolve também uma equipa artística e técnica. Os materiais e resultados das pesquisas produzidas nos laboratórios constituem a base dramatúrgica para a criação do espetáculo: informações de caracter científico; histórias de vida; entrevistas e todo o tipo de materiais textuais, audiovisuais e performativos produzidos. Cada apresentação do espetáculo será seguida de uma conversa/debate entre a equipa (na qual as mulheres participantes estão inseridas) e o público.

O Teatro Documental está ligado a práticas de pesquisa teatral nas quais o "real" é inserido em cena. Ao provocar um efeito de distanciação, o Teatro Documental procura questionar as fronteiras entre a realidade e a ficção e provocar novas perspetivas face ao tema em foco. Ao projeto VELEDA interessa que estas novas perspetivas sejam catalisadoras de mudança tanto nas criadoras-intérpretes (mulheres destinatárias do projecto) quanto nos públicos que irão assistir ao espetáculo.

A última atividade do projeto consiste na produção de um vídeo documental. Este vídeo, que está a ser preparado desde o início do projeto, pretende funcionar como um legado, particularmente importante para a sua disseminação. As apresentações do vídeo documental dirigem-se à comunidade em geral e contam com a presença de todas as mulheres participantes no projeto.

Este projeto contribui para as seguintes metas traçadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

Meta 5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida politica, económica e pública

Meta 10.2 Empoderar e promover a inclusão social, económica e política de todos, independentemente da idade, género, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição económica ou outra


Este Projeto Artístico-Social é um Projeto desenvolvido no âmbito das iniciativas PARTIS - Práticas Artísticos para a Inclusão Social da Fundação Calouste Gulbenkian. Decorre no território abrangido pela Cova da Beira - concelhos de Belmonte, Covilhã e Fundão e é promovido pela Beira Serra - Associação de Desenvolvimento, em colaboração com a Quarta Parede - Associação de Artes Performativas da Covilhã, a Universidade da Beira Interior (UBI), o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e os Municípios de Belmonte, Covilhã e Fundão.

PARTIS - Práticas Artísticas para a Inclusão Social

é uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian que apoia, através de financiamento e ações de capacitação, organizações que desenvolvem projetos que utilizam as práticas artísticas (plásticas, audiovisuais e/ou performativas) como ferramenta privilegiada para promover a inclusão social.

A BEIRA SERRA - Associação de Desenvolvimento, constituída a 3 de novembro de 1994, é uma organização sem fins lucrativos que nasce a partir da união de juntas de freguesias, sindicatos e organizações sociais da região da Cova da Beira em prol de um sonho comum - trabalhar o desenvolvimento social do território e das suas comunidades. No início, focalizou as suas ações no desenvolvimento rural e na animação comunitária. Ao longo dos anos as áreas de desenvolvimento e as populações atendidas foram sendo alargadas, adaptando-se às novas realidades da região da Cova da Beira, às suas necessidades e contextos sociais. A implementar projetos na área social, económica, cultural e ambiental tendo como propósito uma sociedade justa e equitativa.


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